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sábado, 19 de fevereiro de 2011

FUTURO DA ASSEMBLEIA DE DEUS

FUTURO DA ASSEMBLEIA DE DEUS

Por: José Wellington Bezerra da Costa

Temos separado pouco tempo nos plenários convencionais para avaliar nosso desempenho, planejar estratégias, para implementar projetos arrojados, especialmente nas áreas de evangelismo e missões, que sempre foram nossas prioridades fundamentais, isto sem depreciar ou discriminar gerações ou métodos. As questões administrativas, ainda que necessárias, têm consumido exaustivamente nossos curtos espaços.

Para reflexionar sobre um estado futuro da Assembleia de Deus temos que ponderar alguns fatores responsáveis pelo crescimento das Assembleias de Deus no início. Isto não é uma apelação ao saudosismo, mas, tenho para mim, que não podemos pensar no futuro sem voltar os olhos para a história.

Fator decisivo

Antes de ponderar sobre a igreja como organismo, precisamos pensar no homem que a gerencia, sob os cuidados divinos. Sem a presença humana, Deus teria que se utilizar de anjos para o pastoreio das ovelhas, aqui na terra. Este privilégio é nosso.

O primeiro fator determinante para o sucesso de qualquer igreja é a vida de consagração do obreiro. Consagrar significa total dedicação ao Senhor e ao seu trabalho. Isto, sem reservas. Quando o obreiro cochila nessa área, todo o seu trabalho tende à rotina, à estagnação e, não poucas vezes, ao fracasso.

Um líder consagrado influencia toda a igreja, seus companheiros de ministério, familiares e, até, a cidade onde reside. Consequentemente, o descuido nessa área, produz um clima de indolência.

A recomendação de Paulo a Timóteo foi no sentido de que o seu exemplo fosse notório aos fiéis, em tudo: "sê o exemplo dos fiéis", (1 Tm 4.12). O esforço que Timóteo fizesse para cumprir essa recomendação do apóstolo, não deveria ser uma imposição, como algo obrigatório, mas deveria ser motivado, acima de qualquer coisa, como uma entrega espontânea, incondicional, "a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra". Agradar, aqui, é proporcionar alegria ao Senhor; é deixá-lo satisfeito com o que somos e o que fazemos. Vale a pena questionar se, de fato, o trabalho que realizamos é o melhor para o Senhor?

Quem não perdeu as rédeas da situação que se consagre ainda mais e, quem, por ventura, se embaraçou "com os negócios desta vida" (1 Tm 2,4), ainda há tempo para reconsagração.

Para o verdadeiro cristão é desnecessário enfatizar que a constante oração, o jejum e uma vida irrepreensível diante de Deus e do mundo são prioridades no processo de santificação, segundo a Bíblia. Ora, não foi esse o caminho dos apóstolos, dos heróis da fé (Hb 11), dos chamados "pais da igreja", dos nossos pioneiros Gunnar Vingren e Daniel Berg?

Evangelização

A evangelização agressiva, ao estilo apostólico é necessária. Esse princípio foi praticado, na íntegra, pelos pioneiros. Daniel Berg, por exemplo, nas viagens pelo interior da Ilha do Marajó, no Pará, ainda sem saber se expressar com clareza na língua portuguesa, cada pessoa que encontrava, Daniel via uma alma perdida que precisava urgentemente de um salvador. Era como se fosse a última oportunidade daquela alma e, se ele, como pregador, não anunciasse as boas novas de salvação, o Senhor haveria de requerer responsabilidades, Ez. 33.7-9.

Outro princípio, iniciado pelo apóstolo Paulo que bem assegura o desenvolvimento deste tema é encontrado em 1 Co 9.22, onde o apóstolo busca todos os métodos disponíveis ao seu alcance, e, até as alternativas que estavam além das suas possibilidades para salvar os seus ouvintes. É isso que sugere o texto: "fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns".

A aplicação da estratégia de Paulo, para os nossos dias, pode-se resumir da seguinte maneira: todos os métodos pedagógicos, todos os meios de comunicação, todos os equipamentos tecnológicos disponíveis, investir todo o dinheiro, em todos os lugares, a qualquer hora, com todo o pessoal, com todas as forças, com todo ânimo, com todos os instrumentos e grupos musicais recomendáveis, etc.

Com o crescimento da igreja, até certo ponto inesperado, houve, também, um volume considerável de atividades administrativas que, em regra geral, consomem 80% do tempo do pastor. Com isso, a administração dos números assumiu posição de prioridade, enquanto que a evangelização passou a ser tarefa de um grupo isolado da igreja, geralmente chamado de "Departamento de Evangelismo". Esse "Departamento" é que planeja e executa o evangelismo nos fins de semana, uma vez no mês, e, pasmem: algumas igrejas só tratam desse assunto durante os congressos de mocidade, anualmente (!).

O que deveria ser tarefa diária de todos os crentes, sob a liderança do pastor, passou a ser feita periodicamente, por uns poucos.

Discipulado

Ora, fazer discípulos é, exatamente, o tema central da Grande Comissão.

Fazer discípulos, não é simplesmente evangelizar como está sendo feito. É conduzir pessoas a um compromisso total com Deus, e acompanhá-las no processo de amadurecimento espiritual, até que estejam preparadas para repassar o que aprenderam. Se um novo discípulo não pode discipular outro, então o processo de discipulado estará incompleto.

Os números que dispomos de pessoas convertidas, durante as campanhas evangelísticas são expressivos, entretanto, o percentual dos que chegam ao batismo é muito reduzido, lamentavelmente. Se, pelo menos, 50% das pessoas que se convertem, permanecessem, conforme os números que são apresentados nos relatórios evangelísticos, é possível que mais da metade da população brasileira fosse membro das nossas igrejas.

Assim sendo, não podemos afirmar que somos bons evangelistas, pelo fato que o evangelismo completo é produzir um crente fiel a Deus, ou seja, conduzi-lo até ao batismo nas águas, pelo menos.

As estatísticas estão aí nos acusando, diante do Espírito Santo, que precisamos obedecer a Grande Comissão do Senhor Jesus Cristo.

Os gráficos elaborados pelo pastor Valdir Bícego, de saudosa memória, atestam a nossa ineficiência evangelística.

Missões

O nosso débito, diante de Deus, seria menor se a Grande Comissão de Jesus se resumisse somente no "fazer discípulos". Mas a expressão se completa com outro quesito que, constantemente, aponta para nós e afirma que somos devedores: "Fazei discípulos de todas as nações". Nações aqui não significa somente cada uma das 237 nações do mundo, mas cada povo que e distingue dos demais, em matéria de língua, cultura, sistema político, é uma "nação" do ponto de vista da Grande Comissão do Senhor. Logo, os grupos indígenas do Mato Grosso, do Amazonas, de Roraima, de Angola, Nova Guiné, etc., são as "nações" onde Jesus mandou que fizéssemos discípulos.

Há, pelo menos, cerca de 100 tribos indígenas no Brasil que não tem nenhum testemunho evangélico entre eles. Isto significa que há mais de 80 línguas que nada tem das Escrituras Sagradas, só no Brasil, onde vivemos. Além das outras 4.500 línguas espalhadas pelo mundo que necessitam de tradução das Escrituras Sagradas, acrescente-se ainda o desafio dos três maiores grupos religiosos do mundo (Islamismo, Hinduísmo e Budismo) que, juntos, somam 44,7% da população mundial. No ano 2000 essa população será de 2,4 bilhões de pessoas.

A nossa responsabilidade é grande.

O que aconteceu?

Todos são unânimes em reconhecer que a igreja do presente século não é mais o grande e poderoso organismo que abalou o mundo nos dias apostólicos. Aqueles que possuem algum envolvimento na obra de Deus estão convictos de que algo está faltando para o seu perfeito funcionamento. O nome de cristã é o mesmo, as características bíblicas são bem semelhantes, mas o vigor do início foi alterado. Algum enxerto prejudicou o crescimento da frondosa árvore plantada no deserto. As flores da primavera fazem-na bela, mas os frutos são mirrados, indignos para o título que possui.

Referencial necessário

A comparação da igreja do século XX com a igreja primitiva, aquela que brilhou nos “Atos dos Apóstolos”, embora distante, sempre será necessária para não se perder o referencial. Alguns fatores que eram simplesmente considerados comuns naquela igreja são, atualmente, mencionados apenas nos discursos.

Dentre alguns fatores de destaque desta comparação, podemos citar a admissão dos novos membros; o amor entre os irmãos, a comunhão e o repartir do pão; a postura e dedicação dos ministros à oração e jejuns; os contínuos milagres e manifestações dos dons espirituais no dia a dia dos crentes; o critério na separação de obreiros para o ministério; o tratamento implacável para com os hereges e o carinho com os fracos na fé; o cuidado com os novos crentes; o posicionamento do cristão diante da sociedade contemporânea; a liturgia, etc., todavia, se nos aproximarmos um pouco mais para o século em que vivemos, surge um novo referencial. Refiro-me ao início das Assembleias de Deus no Brasil.

Creio que seria presunção da minha parte colocar a nossa igreja no mesmo nível daquele grupo de crentes mencionados no livro de Atos, ainda que haja uma série de acontecimentos que contribuem para pensar dessa maneira. Não podemos esquecer de outros movimentos com características semelhantes, no decorrer da história.

Esse referencial é mais próximo. O tempo, o espaço e fatores culturais são semelhantes. Embora as transformações sociais e econômicas ocorram com muita velocidade, ainda é válido partir da plataforma lançada no Pará, em 1911, para buscar nossa identidade como Igreja que aguarda o arrebatamento.

Mensagem simples

Olhando para as páginas da História encontramos, com alegria, uma igreja que nasceu debaixo da graça e do poder de Deus. A poderosa mensagem pentecostal chegou ao Brasil por intermédio de dois missionários escandinavos, verdadeiros heróis na fé. Homens comuns que assimilaram bem nossa cultura e modo de vida. Possuíam um único objetivo: obedecer a visão celestial recebida do Senhor. A mensagem que pregavam era simples, clara e objetiva: “Jesus Cristo salva, Jesus Cristo cura e Jesus Cristo batiza com o Espírito Santo”. De fato, esta mensagem cumpria-se literalmente. Pecadores eram salvos, pela graça do Senhor; as enfermidades não resistiam à palavra de autoridade que proferiam e os novos crentes eram batizados com o Espírito Santo e com fogo.

Pouco tempo, e as Assembleias de Deus tem alcançado uma posição de destaque no universo evangélico, não somente no Brasil, como no exterior. Somos conhecidos como a maior igreja pentecostal do mundo. Temos mantido, pela bondade de Deus, um padrão de notável equilíbrio doutrinário, espiritual e ético diante das autoridades e da sociedade brasileira. Durante esse período, nunca estivemos envolvidos em qualquer escândalo nacional, porque diante das autoridades constituídas temos demonstrado o devido respeito e obediência, conforme prescreve os escritos sagrados em Romanos 13.1-7. Não que estejamos “tocando trombetas” diante das nossas obras, mas as evidências são palpáveis.

Preservamos como fundamental, o princípio homilético nos legado pelos pioneiros que “Jesus Cristo salva, cura e batiza com o Espírito Santo”. Não abrimos mão dessa prática, pois foi através dessa tricotomia doutrinária que o Senhor proporcionou este maravilhoso crescimento que vemos hoje, em todo território nacional e exterior.

Por que inovar o que funcionou bem?

Precisamos de renovação espiritual e não inovações perigosas. Embora muito semelhantes, estas palavras impõe-nos profundas divergências no contexto pentecostal. Renovar é mudar para melhor ou melhorar em alguns aspectos, enquanto que inovar é abandonar o antigo, recomeçando de modo diferente.

No meio em que vivemos, presenciamos todos os dias inovações das mais diversas. Algumas, até razoáveis; outras, esquisitas, antibíblicas. Não podem suportar as intempéries do tempo, porque, geralmente, são movimentos baseados na presunção, na porfia.

Observamos esses fatos, apenas, para lembrar que não precisamos copiar ou importar costumes e métodos para manter a estabilidade que o Espírito Santo nos legou, até aqui.

A renovação que precisamos

Liturgias humanas passam. Não, porém, a liturgia dos cultos da igreja primitiva. Veja 1 Co 14.26. Doutrinas meramente humanas, logo cedem passagem para outras, recém-descobertas. Não, porém, a doutrina dos apóstolos. Rejeitamos essas inovações. Expurguemo-la do nosso meio.

A renovação de que precisamos, não seria melhorar alguns aspectos ao que já funcionou, comprovadamente, no início? E esta nova geração de obreiros não é fruto disso? O número que dispomos de crentes, de templos, de obras sociais, de pastores, porventura não é a prova da eficácia do método de trabalho dos pioneiros? Podemos julgá-lo obsoleto?

Basta voltar a atenção para a Europa e América do Norte, celeiros de missionários e berços dos grandes avivamentos. Inovaram. Por isso tornaram-se grandes campos missionários. Mudaram o marco estabelecido pelos pioneiros (Pv. 22.28). Permitiram a ingerência do deus deste século que, com astúcia, opinou nos negócios da Casa do Senhor, 1 Jo 2.15-17.

A renovação que precisamos, antes de quaisquer métodos ou estratégias, é o urgente retorno ao altar da oração, da busca da sabedoria e da fé, dons do Espírito, indispensáveis na execução das obras de Deus.

Da oração, porque orando tornamo-nos humildes diante de Deus; da sabedoria, porque ela é a mola mestra que norteia decisões; da fé, porque sem ela é impossível agradar a Deus.

O que fazer, então?

Urge uma tomada de posições. Sem evocar ou pender ao emocional, ao saudosismo ou megalomania (não temos tais costumes), reunimos agora, mais do que em quaisquer épocas passadas, todas as condições para retomar a dianteira como o maior avivamento da História da Igreja Cristã nos últimos séculos. Essa responsabilidade pesa aos nossos ombros.

É necessário, entretanto, que haja um retorno urgente aos métodos dos pioneiros: à simplicidade da mensagem, ao trabalho incansável de discipular os novos convertidos, à busca indispensável ao batismo com o Espírito Santo, à oração pelos enfermos, e, sobretudo, à vida cheia do Espírito. Sem esses requisitos básicos, seremos, apenas, um número a mais.

Todavia, para que a igreja continue dentro dos padrões bíblicos, que o Espírito Santo tem estabelecido para cada um de nós, é imprescindível observar o cuidado de somar o esforço, dedicação e inteligência dos obreiros mais jovens, com a sagrada experiência dos pastores mais idosos que expuseram suas vidas a perigos e necessidades inomináveis para, simplesmente, anunciar o evangelho de Cristo. Muitos deles até, sem qualquer método convencional ou conhecimento secular, souberam nos legar maravilhosas bênçãos que estão diante dos nossos olhos.

Creio que este momento é propício para rever, reavaliar e retomar (não que tenhamos perdido) a nossa real posição diante do mundo que espera uma igreja viva, atuante e cheia da graça do Senhor.

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